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Hospital Regional Doutora Zilda Arns deteriora esquecido na Via Dutra
Iniciada em uma área de terra com 54 mil m2 no bairro Roma, Volta Redonda, em maio de 2011 e através do convênio 004/2010 entre o estado do Rio de Janeiro e o município de Volta Redonda, a construção do Hospital Regional do Médio Paraíba, nomeado posteriormente como Hospital Regional do Médio Paraíba Dra. Zilda Arns Neumann, tinha como executora do projeto das arquitetas Cláudia Maria Freitas de Amorin, Eliane Delgado Ferreira e Carmem Déa dos Santos, a Construtora GPO, empresa vencedora da licitação realizada pelo governo de Sérgio Cabral (MDB).
Com área construída projetada em 26,4 mil m2, o Hospital Regional Dra. Zilda Arns foi concebido para atender público estimado de 1 milhão de pessoas nos doze municípios integrantes do Cismepa (Consórcio Intermunicipal do Médio Paraíba), responsável pela criação do grupo técnico que estudou viabilidade, implantação e sua localização às margens da Rodovia Presidente Dutra, à época considerada como estratégica
Orçado inicialmente em R$ 65 milhões para a obra e mais R$ 38 milhões destinados à aquisição de equipamentos, o Hospital Regional Dra. Zilda Arns foi anunciado com padrões ecológicos de sustentabilidade onde os destaques eram estação própria de tratamento de esgoto, sistema de energia solar para água quente com melhor aproveitamento da luz solar nos ambientes, além das lâmpadas leds, que gerariam grande economia de energia elétrica.
Referenciado com padrões nórdicos de atendimento ao público, o Hospital Regional Dra. Zilda Arns contaria com 229 leitos; 47 unidades de tratamento intensivo; 50 unidades intermediárias; centro cirúrgico com 6 salas para as cirurgias de alta complexidade; ambulatórios com 10 consultórios e mais salas para pequenas cirurgias e procedimentos como endoscopia, hemoterapia, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, Raio X, ultrassom, além de laboratórios de patologia clínica e análises clínicas.
Retomada da obra do hospital regional
Em 2015, após a Construtora GPO pedir rescisão do contrato sem qualquer transparência sobre o valor investido no Hospital Regional Dra. Zilda Arns, a obra foi retomada por decisão do então prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto (MDB), que designou como presidente da Comissão de Fiscalização da Obra o engenheiro Sebastião Faria, que também era o diretor geral do SAH (Serviço Autônomo Hospitalar) de Volta Redonda.
Durante a visita do então secretário estadual de Saúde, Felipe Peixoto, em abril de 2015, o engenheiro Sebastião Faria revelou que sete empreiteiras trabalhariam em diversas frentes abrindo vagas de trabalho para 350 operários.
No dia 19 de dezembro de 2016, às vésperas de sua saída do Palácio 17 de Julho, sede do governo municipal, o prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto, inaugurou o prédio onde seria instalado o Hospital Regional Dra. Zilda Arns em cerimônia acanhada pela série de operações desencadeadas contra a corrupção na gestão Sérgio Cabral, que já rendeu 100 anos de prisão ao ex-governador.
Sem qualquer transparência sobre o valor total da obra civil, que certamente ultrapassou o patamar de R$ 100 milhões, foi publicado à época pela mídia regional, que um dos beneméritos do empreendimento no Médio Paraíba era o então presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), deputado estadual Jorge Picciani (MDB), detido preventivamente na cadeia de Benfica, no Rio. Segundo declarações do engenheiro Sebastião Faria, o deputado Picciani era o responsável pelo encaminhamento de R$ 25 milhões para a construção do hospital.
Este ano a mesma mídia regional divulgou que o deputado estadual Gustavo Tutuca (MDB) inseriu R$ 42 milhões no orçamento do governo do estado para abertura e custeio do Hospital Regional do Médio Paraíba Doutora Zilda Arns Neumann, que caminha lentamente como um enorme ‘elefante branco’ rumo ao precipício.
O Cismepa é formado pelos municípios de Piraí, Barra do Piraí, Volta Redonda, Barra Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Porto Real, Quatis, Resende, Rio Claro, Valença e Rio das Flores. A inviabilidade do hospital é flagrante quando se percebe, como exemplo, que de sua localização na Via Dutra até Rio das Flores os pacientes terão que percorrer 100 quilômetros.
O JBP Papagoiaba sugere o Hospital Regional do Médio Paraíba Doutora Zilda Arns Neumann como um gigantesco motivo para investigações sérias desde a sua concepção até a festa pastelão de inauguração.
QUEM É A HOMENAGEADA?
Doutora Zilda Arns Neumann – Foto/reprodução.
Doutora Zilda Arns Neumann morreu em 12 de janeiro de 2010, quando fazia trabalho humanitário no Haiti, vítima do terremoto que matou milhares de pessoas no país.
Era médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança, criada em 1983, juntamente com o cardeal arcebispo Dom Geraldo Majela Agnello, atendendo pedido da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros).
O Papagoiaba conclui que a respeitada Doutora Zilda Arns não merecia dar nome ao ‘elefante branco’ que representa mais um grande desperdício de verbas públicas na Região do Médio Paraíba.
Autoridades regionais, estaduais e nacionais registraram suas imagens na história do desperdício de verbas públicas no Médio Paraíba -FOTO/CAPA/divulgação.
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