Trocando em Miúdos
Como é feita a fiscalização na barragem de Santana, em Barra do Piraí?
Uma semana antes do carnaval de 1985, meus pais e irmã estavam no meu apartamento, na cidade de Salvador, Bahia, quando, durante o jantar e assistindo ao Jornal Nacional, vimos imagens do bairro da Muqueca, em Barra do Piraí, completamente inundado pelo Rio Piraí.
As cenas suspenderam o jantar. Ainda me lembro das imagens mostrando o saudoso morador Demerval, o Waguinho e o Robinho andando na enchente, e a moradora Dona Irineia, que na entrevista contou o que tinha acontecido. “Não deu para salvar nada! Veio uma onda e invadiu o bairro”, disse Dona Irineia, em rede nacional.
No dia seguinte meus pais e irmã retornaram para Barra do Piraí interrompendo as férias em Salvador. Uma semana depois, na sexta-feira de carnaval, 15 de fevereiro, eu chegava em Barra do Piraí para descobrir na matéria do Correio da Barra, publicada pelo jornalista e vereador Chequer Elias, que a Light S/A tinha fabricado uma enchente criminosa em Barra do Piraí.
A barragem de Santana, que desde os anos 1950 represa no distrito de Santanésia, em Piraí, a inversão do Rio Piraí com o bombeamento do Rio Paraíba do Sul na barragem de Santa Cecília, em Barra do Piraí, foi aberta pelos funcionários da Light sem aviso prévio aos moradores dos bairros ao longo do leito do Rio Piraí, para evitar colapso da estrutura.
34 anos depois eu pergunto como é feita a fiscalização na barragem de Santana?
Assim como todas as casas ao longo do leito do Rio Piraí, da barragem de Santana, em Piraí, até a sua foz, no Centro de Barra do Piraí, a casa de meus pais foi destruída com tudo que estava dentro.
Guardei a matéria porque eu sabia que um dia ela serviria para dizer que ninguém foi indenizado pela Light S/A.
FOTO/CAPA/reprodução
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