Opinião | Papagoiaba

No Brasil não importa o tamanho da denúncia envolvendo o esporte mais popular. Cartola do futebol brasileiro só é preso no exterior.

O foro privilegiado do futebol brasileiro vai muito além dos poderes constituídos democraticamente. Com uma blindagem instransponível, o futebol brasileiro se desenvolve em campos verdes de dólares fertilizados pelas organizações criminosas caseiras ou formadas por gangsters internacionais, que atuam desde a venda de ingressos até a venda de jogadores, de resultados e de direitos de transmissão e imagem.

Enquanto em um tribunal de Nova Iorque, nos Estados Unidos, José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), era condenado em seis de sete acusações de corrupção, cartolas como Ricardo Teixeira, Marco Polo Del Nero, Andres Sanches, J.Hawilla e outros, decidiam não mais viajar ao exterior cumprindo uma espécie de prisão domiciliar no Brasil.

Mas, em qual plenário foi votado e concedido o foro privilegiado ao futebol brasileiro?

A resposta pode estar na força do quarto poder.

Em depoimento à juíza Pamela Chen, do Tribunal do Brooklyn, em Nova York, Alejandro Burzaco, ex-homem forte da companhia de marketing argentina Torneos y Competencias SA, mencionou 14 vezes a Rede Globo como pagadora de US$ 15 milhões em propinas na aquisição dos direitos de transmissão de torneios de futebol nacionais e internacionais.

O agente pagador das propinas citado pelo delator no tribunal norte-americano, é o ex-diretor da TV Globo, Marcelo Campos Pinto, que longe de ser um investigado no Brasil, sequer foi entrevistado para explicar as acusações, que foram cabalmente esclarecidas com um simples editorial no Jornal Nacional, onde a voz marcante de William Bonner, afirmou, peremptoriamente, que as Organizações Globo não coadunam com esquemas criminosos em nenhum lugar do universo.

A Fox Sport também foi citada no esquema corrupto pelo delator Alejandro Burzaco.

FOTO/ reprodução - Marcelo Campos Pinto, homem forte do esporte na Globo condecorado pela CBF, desapareceu da mídia após a denúncia.