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Começa hoje a Feira Literária Internacional de Paraty
A partir de hoje, o município de Paraty, na Costa Verde, recebe a Flip (Feira Literária Internacional de Paraty).
Autores de todas as partes do mundo estarão lançando livros, lendo trechos de suas obras e participando de debates. Este ano, a escritora homenageada é Hilda Hilst – a terceira mulher a receber essa honra da festa. As anteriores foram Clarice Lispector (2005) e Ana Cristina Cesar (2016).
Entre as atrações da feira cultural, está a Casa da Literatura, um espaço cooperativo de autores de todos os gêneros, organizado pela Secretaria de Estado de Cultura. A proposta é a valorização da alteridade, da diferença e pela emancipação da criação. A Casa da Literatura estará instalada na Avenida Roberto Silveira, s/nº, e a programação é gratuita.
Já no Colégio Estadual Engenheiro Mário Moura Brasil do Amaral (CEMBRA), de Paraty, todos os dias da feira, a partir das 10h, haverá atividades como encontros com autores, exposição, teatro, apresentação musical, exibição de filme, lançamento de livro oficina sobre a autora Hilda Hilst e rodas de conversa.
No sábado, 26, dentro da programação da Flip, ocorrerá a Premiação do Concurso Literário do CEMBRA, com os alunos da escola.
A feira acontece até domingo, 29.
Hilda Hilst – escritora Homenageada pela Flip 201
j. l. mora fuentes / sala de memória casa do sol - acervo instituto hilda hilst
Hilda de Almeida Prado Hilst (1930-2004) – escreveu poesia, ficção, teatro e crônica, tendo construído uma obra singular em língua portuguesa na segunda metade do século 20 em torno de temas como o amor, o sexo, a morte, Deus, a finitude das coisas e a transcendência da alma.
Paulista de Jaú, Hilda era filha do casal Bedecilda Vaz Cardoso e Apolônio de Almeida Prado Hilst, cafeicultor filho de imigrantes da Alsácia-Lorena. Seu pai foi diagnosticado com esquizofrenia e internado num sanatório quando Hilda tinha cinco anos.
O interesse pela literatura se deu desde a infância. Era leitora de Samuel Beckett, Friedrich Hölderlin, Fernando Pessoa, Rainer Maria Rilke, René Char e Saint-John Perse.
Estreou na literatura aos 20 anos com um livro de poesia e foi recebida com entusiasmo por Cecília Meireles e Jorge de Lima, de quem era leitora. Aos 22, formou-se em direito pela Universidade de São Paulo, onde conheceu a escritora Lygia Fagundes Telles, com quem manteve laço duradouro. Após a formatura, viajou pela Grécia, Itália e França.
Contava que, após a leitura de Carta a El Greco, de Nikos Kazantzákis, desejou abandonar tudo para entregar-se em tempo integral ao ofício de escritora, o que a fez deixar a advocacia e uma vida social intensa para viver perto da natureza.
Em 1966, passou a residir na Casa do Sol, uma chácara que construiu em Campinas, no interior de São Paulo, cercada de árvores e bichos, para servir como espaço de estudos e criação artística
Foi casada com o escultor Dante Casarini e não teve filhos. Distante dos grandes centros,recebia para temporadas breves e longas artistas e escritores como Mora Fuentes e Caio Fernando Abreu.
Obra
A obra de Hilda Hilst reúne dezenas de títulos, entre os quais obras-primas como Cantares de perda e predileção (poesia), Rútilo nada (ficção) e A obscena senhora D (ficção).
A sua curiosidade intelectual incluía, além da literatura, a física e a filosofia. Realizou na década de 1970 uma experiência literário-científica que chamou de Transcomunicação Instrumental, quando deixou gravadores ligados para registrar vozes de espíritos. Como marcas de sua personalidade, são apontadas a dedicação obsessiva à escrita, o cultivo da amizade, a irreverência e a curiosidade.
Recebeu prêmios como o Jabuti, o APCA, o Pen Clube São Paulo, o Cassiano Ricardo e está traduzida para o inglês, francês, espanhol, basco, alemão, italiano, norueguês e japonês.
Grande parte de seus livros foi publicada pelo célebre editor artesanal Massao Ohno em volumes feitos com apuro estético, mas de reduzida circulação. Após sua morte, a Globo Livros relançou toda a sua obra sob os cuidados do crítico Alcir Pécora e, atualmente, tem em catálogo os títulos Pornô chic e Fico besta quando me entendem, compilação de entrevistas com a autora. A reunião de sua obra poética, Da poesia, foi publicada neste ano pela editora Companhia das Letras, que tem uma série de publicações sobre a autora previstas para 2018, como Da prosa; a adaptação para quadrinhos de A obscena senhora D., por Laura Lannes; uma coletânea ilustrada de suas poesias de amor e a edição de Amavisse para a Poesia de Bolso. Em 2019, a Companhia lançará uma trilogia erótica e, em 2020, a biografia da autora. Daniel Fuentes, o detentor dos direitos autorais, vem negociando com outras editoras para publicar o que falta de Hilda Hilst, como cartas e inéditos. Sua ideia é ter a obra completa disponível nas livrarias até julho de 2018.
Tem crescido o interesse pela literatura de Hilst por parte de leitores, críticos e realizadores do cinema e do teatro: a cada ano, acontecem dez novas montagens em companhias de pequeno e médio porte.
A Casa do Sol funciona hoje como sede do Instituto Hilda Hilst, onde se realizam residências artísticas e encenações de peças de teatro.
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